domingo, 26 de fevereiro de 2012

SOCIEDADE DO ESPETÁCULO


Outro dia numa conversa de amigos, a prosa era o modelo de sociedade que estamos construindo. Falamos de tudo e nos detivemos nos últimos acontecimentos que trazem à tela de nossas televisões, invadindo nossas casas e fazendo nossas cabeças e as cabeças de nossos filhos, muitos deles ainda crianças, o “evento” Kadafi. Para que tanta exposição e tanta violência? A violência contra o ditador líbio, expurga sua truculência e violência nos muitos anos de autoritarismo?
Numa charge, o Obama disputa com Bush afirmando ter mais resultado na caça aos ditadores. O Bush matou um, Sadam. Obama matou dois Bin Laden e Kadafi. Esta é a disputa que queremos? Este é o mundo que queremos? São estes os governantes de que o mundo precisa? Qual a compreensão que nossas crianças têm ao ver tanto sangue da vida real exposto à frente de seus olhos?
Nenhum de nós pode justificar o desrespeito aos direitos humanos dos ditadores mundo afora. Não podemos admitir que os Estados Unidos sejam os heróis e justiceiros do mundo porque também não vibramos com sua política armamentista e produtora de guerras nos diversos continentes, de modo especial nas áreas mais pobres do mundo ou nas áreas ricas, de melhor petróleo, o ouro negro, como é o caso da Líbia. Nossos olhares e nossas análises não podem se pautar apenas por aquilo que nos chega aos olhos pelos meios de comunicação de massa, mas, restam-nos muitas interrogações. Será que a morte de Kadafi é esta benesse dos Estados Unidos que quer devolver a liberdade ao povo da Líbia ou o Petróleo ainda provoca guerras que colocam na mira dos Justiceiros do Norte, Kadafi e os Líbios?
O certo é que vivemos numa sociedade do espetáculo e, por trás de uma piada, boa ou de mau gosto, há segundas e terceiras intenções. Quem fornece armamento para sustentar as guerras nos países do Oriente? Quem sustenta tais guerrilhas? Quantas vidas são ceifadas por esta política da justiça mundial implacável?
Certo é que não precisamos de uma sociedade tão intolerante. Nossos filhos precisam absorver e apreender outros valores. Nós também precisamos.
O saudoso e querido D. Helder nos lembrava sempre: uma sociedade sem opressores e sem oprimidos, um mundo de irmãos.
Reimont Santa Bárbara
Vereador da Cidade do Rio de Janeiro. Teólogo. Membro do MFC.

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